0 Apego

                  Cabin in the woods

  Nessa vida, existe uma coisa que ninguém consegue escapar: os defeitos. Os de algumas pessoas são mais evidentes, quase gritantes, já o de outras são imperceptíveis, você pode até se iludir dizem que ela não possui, mas você sabe que ela tem, não só um, mas vários, sejam eles irritantes, bonitinhos ou extremamente esquisitos.

  Gosto de dizer que o defeito que mais me atinge é o apego. Sim, eu o considero um defeito. Para mim, esse é um dos mais irritantes defeitos que tenho, não irritante para outra pessoa, mas irritante para mim mesma.

  Existe aquela lei do desapego né, usada para festas: “A desapega menina, olha quanto garoto bonito aqui, deixa aquele lá no passado.” Tem até aquela musiquinha “Desapega, desapega....”.  Todos te falam para desapegar, mas ninguém te mostra como fazer isso, até porque isso não é algo demonstrativo, ou você aprende por si mesma ou fica regando o seu apego por um longo tempo.

  Isso não entra na minha cabeça. Não ache que com isso não consigo lidar com coisas novas na minha vida, pelo contrario, eu lido muito bem, recebo de bom grado tudo que é novo e me acostumo facilmente. Mas o velho sempre me chama mais atenção, aquela expectativa que ele ainda pode te surpreender como nunca é sempre grande, e mesmo que isso não aconteça, o velho é sempre mais aconchegante. Não me refiro apenas a pessoas, como também objetos, lugares. Aquele seu coxão velho, na maioria das vezes é muito melhor do que aquele novo, caro, cheio de tics. Aquele lugar que você já foi milhares de vezes e não trocaria por nada, mesmo que te mostrem outro novo, mais bonito, você não o troca, porque é lá que suas memórias foram criadas, é lá que você gosta de ir para se sentir bem.

  É o velho que me puxa para as lembranças, é o velho que me deixa aconchegada, é o velho que me acalma. Não há um novo que tenha esse pacote completo. Mas com o passar do tempo, eu vou criar sim novas lembranças com esse novo e ele vai ser o meu novo velho. É um ciclo constante, não consigo fugir. Às vezes, é preciso enxergar que por melhor que seja o old, o new precisa ser colocado no lugar dele. É uma escolha dura deixar ele para trás, mas assim é a vida, você segue deixando o passado para trás sempre que este lhe trazer prejuízos físicos e psicológicos. 

  Um dia eu vou parar de me apegar tanto às pessoas, as coisas e os lugares. O meu velho apego vai virar desapego. Eu ainda não aprendi como fazer essa façanha, mas quando aprender minha vida vai ser menos complicada, talvez até mais livre, pois não vai ter nada prendendo meu balão no chão. Não há pedras que nos segurem quando queremos voar.

Y. Meirelles

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